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IMPORTAÇÃO

Há muita divergência quando à grafia do nome desta importante raça zebuína. Wallace, em seu clássico trabalho de 1888, usa o termo Sindi para designar a raça Vermelho do gado Lover Sindi, ao passo que o capitão R. W. Little-Wood escreveu em seu livro de uma forma um pouco mais complicada: Scindh. Os autores modernos de língua inglesa chamam a raça de Red Sindhi, expressão que veio a ser adotada pelos zootecnistas da F.A.O., Ralph Phillips e N. R. Joshi.

No Brasil está se vulgarizando a denominação Red Sindhi, o que não nos parece muito acertado. A raça vem-se adaptando perfeitamente em nosso país, como aconteceu com as demais variedades indianas; podemos mesmo falar em naturalização desse gado, motivo pelo qual deve-se igualmente nacionalizar o seu nome, adotando a forma mais simples Sindi, e abandonando o adjetivo “vermelho”, perfeitamente dispensável.

ORIGEM


A raça Sindi é originaria da região chamada de Kohistan, na parte norte da província de Sind, no atual Paquistão. A maioria dos autores incide em um erro quando diz ter a raça sua origem da zona de Karachi e Hyderabad. Nessas áreas e na margem esquerda do rio Hindus é encontrado grande número de animais em alta produção de leite, o que tornou a raça conhecida e apreciada, mas esses exemplares são importados dos distritos do Kohistan.

A variedade Las Belas, talvez a mais pura linhagem da raça, é encontrada no estado do mesmo nome, no Beluchistão, sendo muito semelhante ao gado vermelho do Afeganistão do qual, na opinião de Olver, deriva o Sindi. Devido, porem, a extensão territorial do rebanho Sindi, pode-se observar uma certa variedade de tipos, fora da sua zona de origem, e, por essa razão,quando se trata da escolha de reprodutores puros, há tendência de ir busca-los em Las Belas.

Notam-se, também, muitos pontos de semelhança com o gado Sahiwal, cujas raízes estão igualmente no gado vermelho do tipo de montanha, da fronteira norte da Índia.

O SINDI NO BRASIL

Nas regiões Norte e Oeste da Índia, de onde nos veio a maioria do gado importado e principalmente o Gir, existe também algum gado Sindi, do qual nos chegaram em diferentes ocasiões alguns exemplares, fato devidamente registrado em nossas crônicas. Acredita-se ter sido provavelmente Sindi o reprodutor recebido na Bahia, em 1850, pelo Visconde de Paraguaçu; Na falta de fêmeas do mesmo tipo, que garantissem a perpetuação da raça, é evidente que seu sangue tenha se diluído na vacada crioula.

Pouco depois, provavelmente entre 1854 e 1856, de conformidade com a carta que JOAQUIM CARLOS TRAVASSOS dirigiu em 1906 ao Jornal dos Agricultores, entraram na Serra - Abaixo, expressão então usada para designar a Baixada fluminense, casais da variedade Sindi. O ilustre zootecnista descreve como sendo animais de pequeno porte, não excedendo 1 metro e 30 no cupim, porém reforçados, especialmente as vacas, “produtoras de excelente e abundante leite”.

TEÓFILO DE GODOY em 1903 ficou conhecendo e soube apreciar esta raça, tanto que 3 anos mais tarde estava disposto a importá-la, juntamente com a Nelore, a Guzerá e a Hissar, conforme anúncios de sua viagem. Dentre os animais importados, por Francisco Ravísio Lemos e Manoel de Oliveira Prata, em 1930, foram identificados mais de um reprodutor Sindi e várias fêmeas.

O gado Sindi, da mesma forma que os Dangi e Deoni, todos pertencentes ao mesmo tipo básico indiano, deve ter sido no passado confundido com os representantes da raça Gir, motivo pelo qual não tardou a desaparecer, absorvido pela população mais numerosa. Vinte e dois anos depois dos Sindi de Lemos e Prata, chegaram os animais para o Instituto Agronômico do Norte. Os que tiveram oportunidade de vê-los, em Belterra ou na Água Branca, compreendem perfeitamente a razão pela quais os primeiros Sindi desapareceram, confundidos e misturados com os mestiços da raça Kathiawar.

Fonte: A Epopéia do Zebu
Autor: Alberto Alves Santiago

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